A próxima semana de negociações promete ser volátil em todos os pares com o dólar, e o par EUR/USD não será exceção. O tom das negociações será definido pelos Estados Unidos, onde serão publicados relatórios macroeconômicos importantes sobre o crescimento do PIB, a inflação e as vendas no varejo.
Até o final da semana, as expectativas "dovish" em relação às ações futuras do Federal Reserve serão reforçadas ou enfraquecidas. A moeda americana responderá de acordo, determinando a configuração dos principais pares de moedas.
Segunda-feira
O calendário econômico de segunda-feira está praticamente vazio. O único ponto de interesse pode ser os índices IFO da Alemanha. Especificamente, o indicador de clima de negócios deve subir levemente para 88,6. O índice apresentou dinâmica positiva por oito meses (de janeiro a agosto), alcançando 88,9, mas recuou inesperadamente para 87,7 em setembro. Em outubro, recuperou-se para 88,4, e um novo avanço é esperado em novembro. Mesmo um pequeno aumento pode apoiar o euro, já que, neste caso, o mais importante é a trajetória, uma trajetória positiva.
O indicador de expectativas econômicas do IFO também deve avançar, para 92,6. No entanto, o indicador de situação atual pode voltar a cair, desta vez para 84,5. A tendência de queda já dura três meses, e novembro pode marcar o quarto mês consecutivo. Se os números vierem em linha com as previsões, isso indicará que as empresas alemãs começam a "acreditar" com cautela em uma melhora, apesar do agravamento das condições atuais.
Os principais discursos da segunda-feira serão da presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, e do presidente do Bundesbank, Joachim Nagel. Na semana passada, Lagarde afirmou que o BCE está "aberto a ajustar a política monetária" caso a inflação se desvie da meta. É provável que, na segunda-feira, ela reforce as mesmas mensagens já apresentadas sobre a postura vigilante do BCE diante dos riscos inflacionários.
Terça-feira
A terça-feira é, sem dúvida, o dia mais carregado de informações da semana. Os relatórios macroeconômicos mais importantes serão divulgados nos Estados Unidos.
Primeiro, finalmente conheceremos o número do PPI referente a setembro. O Índice de Preços ao Produtor desacelerou no mês anterior — tanto o índice geral (para 2,6% em termos anuais) quanto o núcleo (para 2,8% em termos anuais). Se os dados de setembro vierem mais fracos do que os de agosto, o dólar deverá enfrentar forte pressão, já que o PPI é um dos principais indicadores de inflação.
Em segundo lugar, os dados de vendas no varejo dos EUA para setembro também serão publicados na terça-feira. Em agosto, o relatório mostrou um crescimento fraco, porém positivo, nos principais componentes. O volume total de vendas no varejo aumentou apenas 0,6%, enquanto, excluindo automóveis, subiu 0,7%. Para os compradores de dólar, é importante que esses números permaneçam em território positivo em setembro — isto é, acima de zero.
O terceiro dado relevante será o Índice de Confiança do Consumidor, medido pelo Conference Board. O indicador tem recuado por três meses consecutivos, atingindo 94,6 em outubro. Para novembro, também se espera deterioração: as previsões apontam queda para 93,4, o nível mais baixo desde abril deste ano.
Além disso, na terça-feira será divulgado o índice de manufatura do Fed de Richmond (a expectativa é de que permaneça em território negativo, passando de -4 para -2). No entanto, essa divulgação ficará em segundo plano diante dos "três gigantes": PPI, vendas no varejo e confiança do consumidor. Esses são os relatórios mais importantes para o dólar, especialmente se "ressoarem", ou seja, se vierem significativamente acima ou abaixo das previsões. Todos os demais fatores fundamentais terão papel secundário neste dia.
Quarta-feira
Na quarta-feira, toda a atenção dos traders de EUR/USD estará voltada para a divulgação dos dados de crescimento do PIB dos EUA no terceiro trimestre.
Devido à prolongada paralisação, a publicação foi adiada, e a estimativa preliminar só será divulgada em 26 de novembro, em vez de 30 de outubro, como inicialmente previsto. Vale lembrar que, no segundo trimestre, a economia dos EUA cresceu 3,8% em termos anuais. A primeira estimativa havia apontado para 3%, enquanto a segunda revisão trouxe um número mais forte, de 3,3%. Os dados finais também superaram as expectativas da maior parte dos analistas. É importante destacar que o avanço do PIB no segundo trimestre não se deveu apenas à queda das importações — embora esse fator tenha desempenhado um papel relevante, já que o volume importado recuou 29,3% após um forte aumento no primeiro trimestre.
Para o terceiro trimestre, as previsões preliminares apontam para um crescimento de 1,6% da economia dos EUA (ou 1,5%, segundo economistas do Bank of America). Um dado mais fraco aumentaria a probabilidade de um corte de juros pelo Fed em dezembro, adicionando pressão sobre o dólar.
Também será divulgado na quarta-feira o índice PCE núcleo referente a setembro.
Esse é o indicador de inflação preferido do Fed, porque considera não apenas gastos diretos, mas também serviços médicos pagos por seguradoras ou pelo governo. Além disso, o PCE núcleo é menos volátil e capta melhor as tendências estruturais da inflação — e não apenas movimentos temporários.
Em agosto, o PCE núcleo frustrou os compradores de dólar (e, portanto, favoreceu os compradores de EUR/USD): o indicador ficou estável tanto no mês quanto no ano (0,2% m/m e 2,9% a/a). Há analistas que acreditam que o índice já atingiu seu pico e deverá ou permanecer nesse patamar ou recuar gradualmente.
Diante desse cenário, a divulgação certamente trará forte volatilidade ao EUR/USD, especialmente porque não há consenso no mercado sobre a direção do indicador: parte dos analistas espera aceleração para 3,1% em termos anuais, enquanto outros projetam desaceleração para 2,8%.
Terça-feira
Na quinta-feira, o BCE publicará a ata de sua última reunião, realizada em outubro. Vale lembrar que, naquele encontro, o banco central surpreendeu ao manter todos os parâmetros da política monetária inalterados. No comunicado oficial, o BCE destacou que "não há um caminho predeterminado para cortes de juros" e que futuras decisões dependerão inteiramente dos dados econômicos. Durante a coletiva de imprensa, Christine Lagarde também enfatizou o elevado nível de incerteza, citando disputas comerciais globais e tensões geopolíticas. No geral, os traders de EUR/USD praticamente ignoraram aquela reunião. Assim, se a ata apenas repetir os pontos já conhecidos, é provável que o mercado também deixe essa divulgação em segundo plano.
Além disso, nesta quinta-feira, a Alemanha divulgará o índice de clima do consumidor da GfK, um indicador antecedente. De acordo com as previsões, o índice deve atingir uma nova mínima anual em -24,9. No entanto, esse dado costuma ter impacto limitado sobre a dinâmica do EUR/USD.
Sexta-feira
O calendário econômico da sexta-feira está praticamente vazio para o par EUR/USD. O único relatório com alguma relevância virá da Alemanha, com a divulgação dos dados de inflação de novembro. Segundo as previsões preliminares, o índice geral de preços ao consumidor deve permanecer em 2,3%, enquanto o IPC harmonizado deve acelerar para 2,4%.
Além disso, na sexta-feira, serão publicados os dados do mercado de trabalho alemão referentes a outubro. A maioria dos analistas espera que a taxa de desemprego permaneça em 6,3%, enquanto o número de empregados deve aumentar em cerca de 6 mil (em setembro, houve uma queda de 1 mil).
No geral, quinta e sexta-feira serão dias "pouco movimentados" para o EUR/USD. O ritmo das negociações deve ser ditado pelos dados mais importantes divulgados anteriormente na semana, especialmente na terça e na quarta-feira.
"Análise técnica"
O par EUR/USD está posicionado entre as linhas média e inferior do indicador Bandas de Bollinger nos gráficos de quatro horas, diário e semanal. Nos intervalos H4 e D1, o preço permanece abaixo de todas as linhas do indicador Ichimoku — incluindo abaixo da nuvem Kumo. Por um lado, essa configuração sugere prioridade para posições de venda. Por outro, os vendedores não conseguiram, na semana passada, romper o suporte intermediário em 1.1490 (linha inferior das Bandas de Bollinger no H4) e sequer testaram a principal barreira de preço em 1.1470 (linha inferior das Bandas de Bollinger no D1).
Se os vendedores não conseguirem firmar o preço abaixo da região de 1.1500 na próxima semana, os compradores poderão assumir a iniciativa. Nesse cenário, o par tende a retornar para a faixa de 1.1560–1.1650.