Anteriormente, acreditava-se que o Banco Central Europeu (BCE) havia encerrado seu ciclo de cortes de juros, mas os acontecimentos recentes lançaram dúvidas sobre essa suposição.

Na segunda-feira, o presidente do Bundesbank, Joachim Nagel, afirmou: "Podemos permanecer em modo de espera em relação às taxas de juros." Ninguém realmente esperava novos cortes por parte do BCE no curto prazo, já que o mercado já acreditava que o banco central havia pausado seu aperto monetário até pelo menos meados de 2026. Então, por que a necessidade de uma reafirmação? Possivelmente porque a incerteza interna começou a crescer, levando Nagel a acalmar os mercados de forma preventiva.

Embora as preocupações ainda sejam indiretas, elas estão se acumulando. Primeiro, o aguardado estímulo fiscal na Alemanha parece estar atrasado. Se confirmado, isso provavelmente levará a revisões para baixo nas projeções de PIB. Na França, a crise política assumiu proporções quase cômicas, com tentativas frustradas de formação de governo seguidas de colapsos, e o parlamento ainda incapaz de chegar a um acordo sobre o orçamento. Esses acontecimentos estão gerando dúvidas sobre a sustentabilidade da dívida francesa e sobre o ritmo de crescimento econômico na zona do euro.

Além disso, o aumento das tensões comerciais entre os Estados Unidos e a China, embora de forma indireta, também está pesando sobre as perspectivas econômicas da área do euro.

O BCE busca estabilidade. No entanto, os comentários recentes sobre política monetária indicam que a possibilidade de um novo corte de juros não pode ser descartada. Vale destacar que um número crescente de membros do Conselho do BCE agora parece mais preocupado com os riscos de baixa para a inflação do que com possíveis surpresas de alta.

Essas mudanças sutis, mas emergentes, estão enfraquecendo o suporte ao euro e impedindo a moeda de estabelecer uma trajetória de alta sustentável. Em contrapartida, o dólar norte-americano mostra sinais crescentes de força. O aguardado relatório de inflação ao consumidor (CPI) dos EUA referente a setembro, que será divulgado na sexta-feira, está no centro das atenções. As previsões apontam para uma leve alta, para 3,1% na comparação anual, com o índice core (núcleo) permanecendo estável em 3,1%.

Esse relatório será crucial para avaliar o impacto das novas tarifas sobre a inflação. Atualmente, o mercado espera que o Federal Reserve reduza os juros no final do mês. Caso os dados do CPI venham acima do esperado, isso poderá alterar as expectativas do mercado em relação à política monetária e dar novo impulso ao dólar.

O atual shutdown do governo dos EUA interrompeu a publicação dos dados da CFTC, dificultando o monitoramento do posicionamento e do sentimento nos mercados cambiais. Até o momento, as estimativas com base nas informações disponíveis não indicam reversão altista no par EUR/USD.

Tecnicamente, o par encontrou suporte temporário em 1,1540 antes de apresentar uma leve recuperação. Esse movimento é visto como corretivo. A perspectiva continua negativa para o EUR/USD, com o primeiro alvo de baixa em 1,1540, seguido pela recente mínima local de 1,1390. A longo prazo, a queda para 1,1250 continua em foco. No entanto, dada a atual escassez de dados fundamentais concretos, a confiança nesta previsão é um pouco reduzida.