O euro reagiu com um aumento significativo após a decisão do BCE de cortar as taxas de juros. Mas por que isso aconteceu? Vamos detalhar.
O principal motivo por trás da recuperação do euro foi a declaração da Presidente do BCE, Christine Lagarde, de que o Banco Central Europeu está encerrando sua campanha de redução das taxas de juros após o oitavo corte deste ano.
Como a zona do euro tem sido impactada pelas tarifas impostas pelos Estados Unidos, o Banco Central Europeu (BCE) reduziu a taxa de depósito em um quarto de ponto percentual, para 2%, na quinta-feira — medida amplamente antecipada por economistas. O BCE descreveu a inflação como próxima da meta de 2%. No entanto, esse otimismo contrasta com o aumento das preocupações em relação ao crescimento econômico da região. A desaceleração global, agravada pelas guerras comerciais e tensões geopolíticas, continua a pressionar as economias da zona do euro, fortemente dependentes das exportações.
Embora o corte de juros tenha como objetivo estimular o crédito e o investimento, ele pode não ser suficiente para neutralizar os efeitos adversos dos fatores externos. Além disso, o impacto da medida pode ser limitado, considerando que muitos bancos já operam com excesso de reservas. Nessa conjuntura, a redução dos custos de depósito pode não resultar em uma expansão significativa do crédito, mas sim provocar uma realocação de ativos.
Durante a coletiva de imprensa, Christine Lagarde afirmou que o BCE está se aproximando do fim de sua campanha de flexibilização monetária. "Estamos nos aproximando do final do ciclo de política monetária que foi uma resposta a choques severos, incluindo a COVID-19, a operação militar especial da Rússia e a crise energética", declarou a presidente do BCE, em Frankfurt. "No nível atual das taxas de juros, acreditamos que estamos bem posicionados para enfrentar as condições incertas que virão."
Nesse contexto, os mercados monetários reduziram as apostas em novos cortes ainda neste ano, e já não consideram mais garantida outra redução de 0,25 ponto percentual. Os títulos de curto prazo lideraram as perdas, elevando o rendimento dos bunds alemães de dois anos em seis pontos-base, para 1,86% — o maior nível em duas semanas.
Com a inflação abaixo da meta do BCE pela primeira vez em oito meses — e apenas pela segunda vez desde 2021 — os formuladores de política monetária demonstram crescente confiança de que o objetivo de controlar a alta de preços está próximo de ser alcançado. A principal incerteza, no entanto, continua sendo a política comercial do presidente dos EUA, Donald Trump, que vem enfraquecendo a confiança nos mercados e obscurecendo o panorama do crescimento global. Isso tem levado as autoridades europeias a defenderem uma pausa no atual ciclo de afrouxamento.
A imprevisibilidade das ações do líder americano — incluindo a imposição de tarifas e ameaças de novos aumentos — criou um ambiente de incerteza que restringe o investimento e compromete a atividade econômica em escala global. Essa situação forçou o BCE a adotar medidas excepcionais, como cortes de juros, para sustentar o crescimento. No entanto, a eficácia dessas ações é limitada quando os principais problemas são a demanda fraca e a falta de confiança no futuro. Resta saber se as autoridades europeias conseguirão concluir um acordo comercial com os EUA até 9 de julho — um cenário que, no momento, parece improvável. Nessas condições, as perspectivas de crescimento da zona do euro permanecem incertas.
As novas projeções trimestrais do BCE indicam uma inflação abaixo da meta para 2026, estimada em 1,6%. A expectativa de crescimento econômico para o próximo ano foi revisada para 1,1%, ligeiramente abaixo da previsão anterior. Em comunicado, o BCE observou que, embora a incerteza no comércio internacional deva pesar sobre os investimentos empresariais e as exportações, o estímulo fiscal poderá sustentar o crescimento ao longo do tempo. Diante do cenário incerto, o banco central apresentou três projeções distintas para os 20 países da zona do euro: um cenário base, um moderado e um severo.
No cenário moderado, espera-se uma recuperação mais acentuada do crescimento, com impacto limitado sobre a inflação. Já no cenário severo, tanto o crescimento quanto a inflação seriam mais fracos, já que a pressão inflacionária provocada pelas tarifas de importação dos EUA seria superada pela retração da demanda global.
Christine Lagarde afirmou que os riscos para a economia seguem inclinados para o lado negativo. No entanto, um mercado de trabalho aquecido, o aumento da renda real e condições financeiras mais favoráveis devem ajudar consumidores e empresas a suportarem a volatilidade do ambiente global.
Ainda segundo Lagarde, a expectativa é de que a inflação volte à meta somente em 2027, apesar das pressões de baixa causadas pela queda nos preços da energia e por um euro mais forte no curto prazo.
Cenário técnico atual do EUR/USD:
Os compradores precisam consolidar o nível de 1,1453 para que um teste em 1,1490 se torne viável. Caso isso ocorra, uma nova alta até 1,1530 pode acontecer, embora alcançar esse patamar sem o suporte dos grandes players seja desafiador. O alvo final está em 1,1570. Em caso de recuo, espera-se pressão compradora na região de 1,1407. Se esse nível não sustentar o preço, o mais prudente será aguardar uma nova mínima em 1,1361 ou considerar entradas longas a partir de 1,1314.
Cenário técnico atual do GBP/USD:
Os compradores precisam superar a resistência imediata em 1,3581 para mirar o nível de 1,3613 — um rompimento difícil, mas possível. O objetivo final está em 1,3659. Caso haja recuo, os vendedores buscarão retomar o controle em 1,3544. Um rompimento abaixo desse patamar representaria um revés significativo para os compradores e abriria espaço para uma queda até 1,3505, com potencial de extensão até 1,3470.