A moeda europeia continua a subir em relação ao dólar americano e a vários outros ativos, uma vez que as declarações de autoridades europeias — em particular da presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde — ainda estão frescas na mente dos operadores.

De acordo com Lagarde, a economia da região está em uma posição favorável porque os custos de empréstimo permanecem em um nível ótimo. "As taxas de juros que concordamos nas últimas reuniões estão, na minha opinião, definidas corretamente", disse Lagarde. "Continuo afirmando que estamos em uma boa posição, considerando o ciclo inflacionário que conseguimos controlar."

Os investidores interpretaram esses comentários como um sinal de que o Banco Central Europeu não pretende afrouxar sua política monetária tão cedo, o que significa que o euro continuará encontrando suporte. Além disso, dados macroeconômicos positivos da zona do euro, particularmente a queda da inflação e o crescimento do PIB, ainda que modesto — também contribuem para o fortalecimento da moeda europeia. Ao mesmo tempo, o dólar americano segue pressionado pelas expectativas de um corte de juros iminente por parte do Federal Reserve.

Ao discutir as projeções de inflação, Lagarde afirmou que a magnitude dos riscos diminuiu, mas que pressões altistas nos preços podem ressurgir caso os EUA aumentem tarifas ou ocorram interrupções nas cadeias de suprimentos. Esses comentários reforçam a satisfação do BCE com os desenvolvimentos recentes: a inflação ao consumidor está próxima da meta de 2%, e a economia tem se mostrado mais resiliente do que o esperado diante das tarifas dos EUA. A maioria dos dirigentes já sinalizou não ver necessidade de ajustar os custos de empréstimo na reunião de dezembro.

No entanto, a nova projeção trimestral ainda pode gerar debate caso indique que a inflação está tendo dificuldade para convergir à meta. O relatório da reunião de outubro revelou alguma preocupação nesse sentido, embora a estrutura de política monetária tenha sido considerada suficientemente robusta para enfrentar choques.

O vice-presidente do BCE, Luis de Guindos, afirmou na semana passada que vê apenas um risco limitado de inflação excessivamente fraca, classificando a taxa atual de 2% como apropriada. Já o economista-chefe Philip Lane destacou que a desaceleração do crescimento salarial deve ajudar a conter os gastos não relacionados à energia, que ainda avançam mais rapidamente do que o desejado.

Falando sobre a economia, Lagarde comentou que a expansão da zona do euro se mostrou mais resiliente do que o esperado, mesmo em um contexto de transformação global. "A situação superou nossas expectativas", disse ela. "No início de 2025, esperamos um crescimento de 0,9%, aumentando para 1,2% até setembro — e eu não ficaria surpresa se as taxas de crescimento forem ainda maiores até o final do ano." Considerando as dificuldades recentes da Alemanha e as tensões políticas na França relacionadas ao orçamento, Lagarde manteve o tom otimista. "Eu sou definitivamente uma otimista — é da minha natureza", afirmou. "Em um mundo em transformação, é preciso agir rapidamente, permanecer vigilante, mas também ser otimista. É por isso que eu sempre vejo o copo meio cheio, não meio vazio."

Quanto ao cenário técnico atual do EUR/USD os compradores precisam focar em conquistar o nível de 1.1630. Apenas assim poderão mirar um teste de 1.1655. A partir daí, o par poderia avançar para 1.1680, embora tal movimento seja difícil sem o apoio de grandes players. O alvo mais distante é a máxima de 1.1715.

Caso o par recue, espero uma atividade significativa dos compradores apenas na região de 1.1595. Se não houver intervenção nesse nível, será mais prudente aguardar um reteste da mínima em 1.1560 ou considerar entradas compradoras a partir de 1.1530.