O dólar americano pode enfrentar turbulências significativas esta semana. O presidente Donald Trump afirmou recentemente em uma entrevista que espera que o Federal Reserve (banco central dos EUA) anuncie um corte maior nas taxas de juros esta semana. A pressão da Casa Branca surge antes de uma reunião crucial, na qual se espera que os responsáveis pelo banco central flexibilizem a política monetária pela primeira vez em nove meses.
Acho que é hora de agir em grande", disse Trump aos repórteres no domingo. "Chegou o momento do próximo passo."
Além das declarações do presidente, os mercados já precificaram a possibilidade de um corte de 25 pontos-base, embora alguns analistas não descartem uma medida mais agressiva. Os contratos futuros de fundos federais refletem crescente confiança em um afrouxamento monetário, pressionando o dólar frente a outras moedas principais. Ainda assim, é provável que o Fed enfatize sua independência em relação a pressões políticas e aja com mais cautela do que Trump deseja.
A reação do dólar dependerá também dos comentários que acompanharem a decisão sobre a taxa. Se o Fed sinalizar prontidão para novas flexibilizações, a moeda americana poderá cair com mais intensidade. Por outro lado, se o banco central deixar claro que o corte atual é isolado e não marca o início de um ciclo, o dólar pode receber suporte temporário.
Espera-se que o Fed reduza as taxas em 17 de setembro, diante de um mercado de trabalho desacelerado, inflação persistente e a pressão sem precedentes de Trump para reduzir os custos de empréstimos. A previsão consensual entre economistas é de um corte de 25 pontos-base.
Vale lembrar que Trump pressiona o presidente do Fed, Jerome Powell, há meses, inclusive pedindo sua renúncia. Relatórios econômicos recentes, fracos, aumentaram o receio de que o mercado de trabalho possa entrar em uma desaceleração mais profunda, ameaçando o consumo e o crescimento econômico. Ao mesmo tempo, a inflação permanece acima da meta de 2% do Fed e pode subir ainda mais caso políticas tarifárias elevem os custos, levando alguns membros a temer ações precipitadas.
As tensões entre a Casa Branca e o Fed atingiram um pico em meio à desaceleração econômica e ao aumento das preocupações com guerras comerciais. Trump argumenta que altas taxas de juros restringem o crescimento e que cortes são necessários para que os EUA mantenham competitividade global. Powell, por sua vez, tem enfatizado a independência do Fed, reforçando que as decisões sobre taxas se baseiam em dados econômicos, e não em pressões políticas. Ele também observa que reduzir juros enquanto o mercado de trabalho está forte e o desemprego baixo poderia impulsionar a inflação e desestabilizar a economia.
Nesse cenário, os mercados permanecem altamente sensíveis a qualquer sinal de possível mudança na política monetária do Fed.
Também deve ser observado que o mandato de Powell expira em maio de 2026, e Trump está agora considerando seu sucessor. O presidente nomeou publicamente como principais candidatos o assessor econômico da Casa Branca Kevin Hassett, o governador do Fed Christopher Waller e o ex-governador do Fed Kevin Warsh.
Perspectiva técnica para EUR/USD: os compradores precisam agora garantir o nível de 1,1745. Só então será possível testar 1,1780. A partir daí, o par poderia alcançar 1,1813, embora isso sem o suporte de grandes players seja difícil. O alvo final é 1,1866. Em caso de queda, espera-se forte interesse comprador em torno de 1,1700. Se não houver reação, seria melhor aguardar um reteste da mínima em 1,1665 ou considerar posições longas a partir de 1,1630.
Perspectiva técnica para GBP/USD: os compradores da libra precisam conquistar a resistência mais próxima em 1,3590. Só então será possível avançar para 1,3615, embora romper mais alto seja difícil. O alvo final é 1,3645. caso haja uma queda, os vendedores tentarão retomar o controle em 1,3525. Se tiverem sucesso, um rompimento dessa faixa seria um golpe sério para os compradores, levando o GBP/USD em direção a 1,3495, com potencial de se estender até 1,3458.
