Na sexta-feira, os mercados focaram-se no principal evento dos últimos meses: a cúpula entre Vladimir Putin e Donald Trump, realizada no Alasca. Embora o encontro não tenha produzido resultados concretos, representou um avanço e pode ter impacto significativo tanto na ordem global quanto no conflito entre o Ocidente e a Ucrânia.
Como a reunião ocorreu na sexta-feira, após o fechamento dos mercados, os participantes não puderam reagir plenamente. Apenas o mercado acionário russo mostrou, no sábado, um movimento clássico de realização de lucros durante as negociações de balcão (OTC), com queda geral de cerca de 3% nos valores das ações. Nesse caso, os traders profissionais com acesso ao mercado OTC venderam após compras preliminares, seguindo a regra "compre no boato, venda no fato". Apesar disso, hoje o mercado OTC já apresenta recuperação positiva, possivelmente devolvendo os preços das ações aos níveis anteriores à venda. Essa tendência pode se estender quando as negociações em bolsa forem retomadas.
Quanto ao resultado da cúpula, o encontro revelou boa vontade pessoal do presidente americano em relação ao seu homólogo russo, e vice-versa. Embora não tenham sido anunciados grandes acordos, isso era esperado, sobretudo considerando a ruptura nas relações durante o governo Joe Biden com Putin e a Rússia. A ausência de resultados concretos pode refletir o desejo de ambas as partes de retê-los temporariamente, temendo que opositores da aproximação entre EUA e Rússia tentem minar o progresso. A reunião parece ter estabelecido pontos de contato entre os países e traçado um caminho para a resolução de disputas e problemas acumulados no futuro próximo. Esse é um êxito pessoal relevante para ambos os presidentes e tende a ser bem recebido pelos mercados financeiros, já que o risco de um conflito nuclear, embora não eliminado, foi pelo menos adiado.
O mercado de petróleo reagiu à notícia com queda de preços pela manhã, mas, no momento da redação, apresentava sinais de recuperação. A reação inicial negativa esteve ligada ao fato de que a retomada do diálogo entre EUA e Rússia pode levar não apenas à suspensão de novas sanções norte-americanas contra Moscou, mas também ao início de sua reversão, ainda que parcial. Mesmo uma flexibilização parcial das sanções é vista como um êxito relevante, pois abre caminho para que a Rússia comercialize seus recursos energéticos de forma mais ativa.
De forma geral, observando esses desdobramentos, é possível afirmar que a aproximação entre EUA e Rússia terá efeitos positivos sobre o sistema financeiro global e sobre os mercados como um todo.
O que podemos esperar dos mercados hoje?
Acredito que os participantes irão precificar a aproximação entre Moscou e Washington, sendo esse movimento mais evidente nas negociações na Rússia. No entanto, outros mercados globais também podem refletir essa tendência, como já ocorre na Índia e na China, onde os índices acionários locais seguem em alta constante.
A próxima semana contará com a divulgação de dados econômicos relevantes da União Europeia e do Reino Unido, com destaque para os relatórios de inflação ao consumidor. Além disso, estão previstos discursos de membros do Federal Reserve, incluindo o presidente Jerome Powell, que serão acompanhados de perto pelo mercado em busca de sinais sobre a possibilidade de um corte de juros em setembro. Também serão divulgadas a ata da última reunião de política monetária do Fed, os índices PMI de serviços e manufatura dos EUA, e a reunião de política monetária do Banco da Reserva da Nova Zelândia, na qual se espera uma redução da taxa básica em 0,25 ponto percentual, de 3,25% para 3,00%.
Na avaliação do quadro geral do mercado, considero que ele permanecerá moderadamente positivo.
Previsão para o dia:
EUR/USD
O par está se consolidando abaixo do nível de resistência de 1,1715. Um rompimento acima desse nível, impulsionado pelo aumento da demanda por ativos de risco, pode levar o par a subir primeiro para 1,1750 e depois para 1,1790. Um ponto de entrada adequado para compra pode ser em torno de 1,1723.
AUD/USD
O par também está se consolidando em um canal lateral, aguardando a divulgação da ata da reunião de política monetária do Fed. Ao mesmo tempo, é sustentado pela alta do mercado de ações da China e pela redução das tensões globais após a cúpula entre Trump e Putin. O sentimento geral positivo nos mercados pode impulsionar o par em direção a 0,6620 assim que romper acima de 0,6535. Um ponto de entrada adequado para compra pode ser em torno de 0,6541.