Os índices norte-americanos voltam a caminhar em direção às máximas históricas. Após uma semana tensa, marcada por preocupações com as guerras comerciais e pela fraqueza do mercado de trabalho, o ímpeto volta a favorecer os compradores. O principal fator por trás desse movimento é a temporada de balanços corporativos, em que as surpresas positivas têm superado, com folga, os resultados negativos.
O pregão de ontem terminou com um desempenho brilhante para os touros: o S&P 500 subiu 1,47%, o Nasdaq avançou 1,95% e o Dow Jones ganhou 1,34%. No centro da alta estão as expectativas de flexibilização da política monetária, após os decepcionantes dados de emprego de julho.
Os traders agora praticamente já precificam um corte de juros pelo Fed em setembro. Isso reanimou o apetite por risco e ajudou os ativos de renda variável a recuperarem quase todas as perdas da semana anterior.
O principal catalisador de curto prazo continua sendo os balanços das empresas de tecnologia e inteligência artificial. As ações da Palantir saltaram 4% após a companhia divulgar resultados trimestrais acima das previsões e revisar fortemente para cima suas projeções para o ano. Isso reforçou a confiança no setor de IA, que tem sido o principal motor do crescimento do Nasdaq nas últimas semanas.
Os investidores estão atentos aos próximos relatórios de lucros. Hoje, os destaques ficam por conta de AMD, Pfizer, Snap, Rivian e Yum! Brands — cada divulgação deste grupo pode reconfigurar as expectativas de curto prazo para seus respectivos setores e para o mercado em geral.
As decepções, no entanto, ainda não desapareceram: a Hims & Hers Health desabou 13% após divulgar dados fracos de receita. O mercado está cada vez mais seletivo — um trimestre ruim agora é penalizado com muito mais severidade do que antes.
Principais fatores fundamentais
O otimismo é impulsionado pelas expectativas de afrouxamento da política do Fed, mas riscos fundamentais como guerras comerciais, sinais de superaquecimento em certos setores e fragilidade persistente na macroeconomia dos EUA permanecem.
A principal questão da semana é se os gigantes de TI e a Big Pharma confirmarão a força da recuperação, ou se o mercado iniciará uma nova rotação para ativos defensivos.
Quadro técnico: zona de resistência volta ao foco
Do ponto de vista técnico, o mercado rapidamente retornou às suas zonas anteriores de resistência. No pregão pré-mercado, o S&P 500 está pairando em torno de 6.340, o limite superior da faixa de julho, próximo das máximas históricas (6.380–6.427).
Uma quebra acima dessa zona abriria caminho para novos recordes, mas já há cautela nos níveis atuais: os touros estão tentando ganhar impulso, mas qualquer decepção nos resultados pode desencadear uma correção até o suporte em 6.300, e, em caso de notícias negativas, até 6.250.
O Nasdaq 100 está negociando próximo a 23.250, com resistência ainda na faixa de 23.300 a 23.400. Se o índice conseguir se consolidar acima dessa zona, abrirá espaço para crescimento contínuo rumo às máximas absolutas.
No entanto, o cenário de "falso rompimento" permanece bastante provável. Todas as atenções estão voltadas para os relatórios de resultados da AMD, Snap e Pfizer, pois qualquer surpresa pode rapidamente mudar a direção do mercado.
Estrutura atual: o mercado está mostrando um padrão clássico de correções curtas e bruscas seguidas por repiques agressivos em notícias positivas. A amplitude ainda está longe do ideal: os principais movimentos continuam sendo impulsionados pelas 5 a 7 maiores empresas, e a rotação setorial pode se tornar o catalisador de nova volatilidade já nesta semana.
E quanto a Tesla?
A Tesla voltou a ganhar destaque após o conselho de administração aprovar um novo pacote de remuneração para Elon Musk no valor de 29 bilhões de dólares. O mercado reagiu positivamente à medida. A ação subiu 2,19%, consolidando-se em torno do nível de 310 dólares.
Por que o mercado reage com ganhos
O novo pacote de opções de ações para Musk garante, na prática, seu interesse contínuo no desenvolvimento da empresa, reduzindo o risco de sua saída ou distração estratégica.
Os investidores interpretam isso como um sinal de longo prazo: Musk será incentivado a aumentar o valor da companhia, escalar agressivamente tecnologias e fortalecer a posição da Tesla nos mercados de veículos elétricos e inteligência artificial — incluindo robotáxis, redes neurais e direção autônoma.
Após um longo período de estagnação durante a primavera e o verão, as ações da Tesla encontraram novo impulso, impulsionadas pelas expectativas de fortes resultados no segundo semestre, crescente interesse por IA e pelo potencial de novos produtos como o Cybertruck, baterias de nova geração e softwares.
Mas ainda há riscos:
A concorrência no segmento de veículos elétricos está se intensificando — fabricantes chineses, a General Motors e a BYD estão rapidamente se aproximando.
A avaliação da Tesla continua elevada, mesmo pelos padrões do setor de tecnologia (seu P/L futuro está acima da média do setor).
A ação permanece altamente volátil: qualquer frustração nos lucros ou atraso no lançamento de produtos costuma provocar correções rápidas de 7% a 15% em poucos dias.
Novas surpresas regulatórias (como tarifas ou medidas comerciais entre EUA e China) também podem impactar a dinâmica de entregas.
Cenário técnico: zonas de risco e potencial de alta
Após o rali recente, a Tesla rompeu sua faixa lateral local e consolidou-se acima do nível-chave de resistência em US$ 300. No gráfico diário, a estrutura começa a apontar para uma formação moderadamente altista.
Resistência mais próxima: US$ 318–320 (limite superior da faixa de julho, zona crítica de realização de lucros); acima disso, o alvo está em US$ 340 (máximas da primavera).
Suporte: US$ 300–303 (antiga resistência, agora zona de compra na queda); abaixo disso, US$ 285–288 (mínimas semanais recentes).
Vale a pena comprar?
Se você estiver preparado para manter a posição no médio prazo (3 a 6 meses) e tolerar a volatilidade, a compra da Tesla a US$ 310 é razoavelmente justificada, com alvos de alta entre US$ 320–340 e stop-loss não abaixo de US$ 295–297.