Hoje, espera-se que o Banco da Inglaterra mantenha as taxas de juros em 4,25% e sinalize que manterá sua abordagem de um corte a cada duas reuniões, enquanto os formuladores de políticas tentam encontrar um equilíbrio entre a inflação elevada, os altos preços do petróleo e a desaceleração da economia. Isso poderia dar algum suporte à libra esterlina, que recentemente tem enfrentado dificuldades para ganhar terreno.
Esta estratégia cautelosa do Banco da Inglaterra reflete o complexo panorama econômico atual, no qual os riscos inflacionários estão interligados com o enfraquecimento do crescimento. A decisão de manter as taxas de juros no nível atual demonstra a relutância do banco central em acentuar a desaceleração econômica, enquanto a sinalização de possíveis reduções graduais nas taxas revela disposição para reagir a uma eventual deterioração das perspectivas econômicas.
No entanto, a eficácia dessa estratégia dependerá fortemente de fatores externos, como a dinâmica dos preços globais de energia e os desdobramentos geopolíticos. A alta nos preços do petróleo pode comprometer os esforços do Banco da Inglaterra para controlar a inflação, forçando possivelmente uma revisão dos planos de afrouxamento monetário.
A estabilidade da libra dependerá não apenas da política interna do banco central, mas também da capacidade do Reino Unido de se manter atrativo para investidores estrangeiros. Superar os desafios econômicos e promover um ambiente favorável ao investimento poderá fortalecer a libra e estimular a entrada de capital no país. Caso contrário, a moeda britânica continuará sob pressão, apesar dos esforços do regulador.
Para recapitular, o Comitê de Política Monetária (MPC) reduziu os juros em um quarto de ponto em maio, numa votação surpreendentemente acirrada, refletindo preocupações de que a inflação pode não retornar à meta de 2% tão rapidamente quanto se esperava. Desde então, a inflação subiu para o nível mais alto em mais de um ano, e a escalada das tensões no Oriente Médio agravou ainda mais o cenário, impulsionando os preços do petróleo.
Os formuladores de políticas estão cada vez mais preocupados com os efeitos de segunda ordem, nos quais preços elevados geram pressões salariais e prolongam a inflação. Ao mesmo tempo, surgem sinais de que tanto o mercado de trabalho quanto a economia em geral estão enfraquecendo, pressionados pela política fiscal da chanceler Rachel Reeves — que aumentou os impostos corporativos em £26 bilhões — e pelas guerras comerciais conduzidas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
A maioria dos economistas consultados espera que as taxas sejam mantidas estáveis na reunião de hoje, cenário já amplamente precificado nos mercados monetários, onde os traders praticamente não atribuem chances a um corte imediato. O anúncio, previsto para o meio-dia em Londres, acontece um dia após o Federal Reserve também manter suas taxas inalteradas, embora tenha mantido a projeção de dois cortes até 2025, em meio ao enfraquecimento das perspectivas para crescimento, emprego e inflação.
Na última reunião, os nove membros do MPC estavam fortemente divididos. O economista-chefe Huw Pill e a membro externa Catherine Mann votaram por manter as taxas inalteradas, enquanto, no extremo oposto, Swati Dhingra e Alan Taylor defenderam um corte mais agressivo, de meio ponto percentual. Mesmo entre os cinco que apoiaram o corte de um quarto de ponto, três estavam visivelmente hesitantes — incluindo o próprio governador Andrew Bailey.
Alterações no padrão de votação poderão sinalizar mudanças sutis, porém relevantes, na condução da política monetária, mesmo sem uma mudança formal nas taxas. O comitê pode revisar sua comunicação, enfatizando a estagnação econômica e o fraco crescimento salarial, o que poderia resultar em uma divisão de votos de 6 a 3. Além disso, a ata pode adotar um tom mais dovish, o que tenderia a pressionar a libra. Atualmente, os mercados futuros precificam cerca de 75% de probabilidade de um corte na próxima reunião, em agosto, além de mais dois cortes até o verão de 2026, o que levaria a taxa para aproximadamente 3,5%.
Perspectiva técnica para GBP/USD
Os compradores da libra precisam romper a resistência mais próxima, em 1,3425. Somente após esse rompimento será possível mirar 1,3445, embora superar esse patamar ainda seja um desafio. O alvo mais distante está em 1,3475. Caso o par recue, os vendedores tentarão assumir o controle em 1,3385. Uma quebra consistente abaixo desse nível prejudicaria significativamente as posições compradoras e poderia empurrar o GBP/USD para a mínima de 1,3360, com potencial para estender a queda até 1,3335.
Perspectiva técnica para EUR/USD
Os compradores precisam se concentrar em recuperar o nível de 1,1485. Isso abriria espaço para um teste de 1,1530. A partir daí, um avanço até 1,1580 é possível, embora dependa do suporte dos grandes players do mercado. O alvo mais ambicioso é a máxima em 1,1630. Em caso de queda, espera-se que surja demanda relevante em torno de 1,1445. Se esse nível não segurar, o cenário mais prudente seria aguardar um novo teste da mínima de 1,1410 ou considerar entradas compradoras na região de 1,1370.