Na segunda-feira, o par EUR/USD despencou — como uma pedra. Consegue adivinhar quem merece o crédito por isso? Ninguém menos que Donald Trump — embora, desta vez, de forma apenas indireta. No fim de semana, foram realizadas as primeiras consultas entre China e Estados Unidos sobre um possível acordo comercial e redução de tarifas. Poucos esperavam avanços concretos, mas na segunda-feira o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, anunciou que Washington e Pequim haviam concordado em reduzir as tarifas sobre os produtos de ambos os países em até 115 pontos percentuais.
Para contextualizar: os dois lados haviam elevado suas tarifas a níveis extremos, entre 145% e 125%, em favor dos EUA. Agora, serão aplicadas novas tarifas de 30% sobre importações chinesas e 10% sobre produtos americanos enviados à China. Naturalmente, é cedo para falar em uma trégua definitiva — o acordo tem validade inicial de apenas 90 dias.
O que esperar nos próximos três meses? É razoável supor que China e EUA utilizarão esse período para negociar um arcabouço comercial mais amplo, com a esperança de evitar novas disputas — pelo menos pelos próximos anos, ou até que Donald Trump volte a declarar que o mundo está sendo injusto com os Estados Unidos.
Enquanto isso, o dólar reagiu de imediato, com forte valorização. Nos últimos meses, temos reiterado que Trump está no comando dos mercados. O dólar vinha perdendo terreno — mais de 1.000 pips em relação ao euro, à libra e a outras moedas — mas já alertávamos que uma redução nas tensões comerciais poderia desencadear uma reversão. Ainda é cedo para declarar o fim da guerra comercial, mas há sinais consistentes de distensão. Assim, embora um retorno imediato do EUR/USD à faixa de 1,03–1,04 ainda não esteja no radar, o dólar pode facilmente conquistar mais algumas centenas de pontos.
Vale lembrar: a guerra comercial promovida por Trump foi o principal fator da queda do dólar. Se o presidente acabar firmando acordos comerciais em termos mais favoráveis com todos os países anteriormente sancionados, o dólar não apenas poderá se recuperar até a faixa de 1,03–1,04, como também poderá ultrapassar a paridade em relação ao euro. Nesse cenário, a economia dos EUA tende a se recuperar rapidamente após um fraco primeiro trimestre, sem grandes riscos para o mercado de trabalho ou para os índices de desemprego.
Além disso, o mercado pode passar a precificar um fator-chave: enquanto o Banco Central Europeu continuou cortando juros durante esse período, o Federal Reserve manteve sua taxa básica em 4,5%. Esse diferencial — extremamente favorável ao dólar — ainda não foi totalmente refletido nas cotações. Por isso, reiteramos: se o processo de desescalada comercial continuar, a paridade com o euro volta a ser uma meta plausível — algo que já vínhamos antecipando desde o ano passado.
A volatilidade média do par EUR/USD nos últimos cinco dias de negociação, a partir de 13 de maio, é de 116 pips, o que é considerado elevado. Para terça-feira, projetamos que o par se movimente entre 1,0981 e 1,1213.
O canal de regressão de longo prazo permanece em alta, indicando a continuidade de uma tendência de curto prazo positiva. Na semana passada, o indicador CCI entrou na zona de sobrevenda, o que, em um contexto de alta, normalmente sinaliza uma possível retomada da tendência ascendente. No entanto, a guerra comercial mais uma vez interrompeu esse padrão, trazendo incerteza adicional ao movimento dos preços.
Níveis de suporte mais próximos:
S1 – 1.1108
S2 – 1.0986
S3 – 1.0864
Níveis de resistência mais próximos:
R1 – 1.1230
R2 – 1.1353
R3 – 1.1475
Recomendações de negociação:
O par EUR/USD segue em correção de baixa, ainda inserido em uma tendência de alta de longo prazo. Nas últimas semanas, temos mantido uma projeção consistente de recuo de médio prazo para o euro, e essa perspectiva permanece inalterada.
Atualmente, o dólar não apresenta fundamentos sólidos para uma desvalorização, exceto pelo fator Donald Trump. No entanto, o ex-presidente parece ter assumido recentemente um compromisso com a redução das tensões comerciais, o que dá novo fôlego ao dólar. Nesse cenário, o par pode voltar rapidamente à região de 1,03.
Diante das condições atuais, não vemos vantagem em posições compradas. As posições de venda seguem apropriadas, desde que o preço se mantenha abaixo da média móvel, com alvos em 1,0986 e 1,0864.
Explicação das ilustrações:
Os canais de regressão linear ajudam a determinar a tendência atual. Se ambos os canais estiverem alinhados, isso indica uma forte tendência.
A linha de média móvel (configurações: 20,0, suavizada) define a tendência de curto prazo e orienta a direção da negociação.
Os níveis de Murray funcionam como níveis-alvo para movimentos e correções.
Os níveis de volatilidade (linhas vermelhas) representam a faixa de preço provável para o par nas próximas 24 horas com base nas leituras de volatilidade atuais.
Indicador CCI: Se entrar na região de sobrevenda (abaixo de -250) ou na região de sobrecompra (acima de +250), ele sinaliza uma iminente reversão de tendência na direção oposta.